São Francisco e Santa Clara de Assis.

São Francisco e Santa Clara de Assis.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

25ª Semana Comum - Quinta-feira 24/09/2015

Primeira leitura (Ag 1,1-8)

Início da profecia de Ageu.
1No segundo ano do reinado de Dario, no sexto mês, no primeiro dia, foi dirigida a palavra do Senhor, mediante o profeta Ageu, a Zorobabel, filho de Salatiel, governador de Judá, e a Josué, filho de Josedec, sumo sacerdote:2“Isto diz o Senhor dos exércitos: Este povo diz: Ainda não chegou o momento de edificar a casa do Senhor”. 3A palavra do Senhor foi assim dirigida, por intermédio do profeta Ageu: 4“Acaso para vós é tempo de morardes em casas revestidas de lambris, enquanto esta casa está em ruínas?
5Isto diz, agora, o Senhor dos exércitos: Considerai com todo o coração, a conjuntura que estais passando:6tendes semeado muito, e colhido pouco; tende-vos alimentado, e não vos sentis satisfeitos, bebeis e não vos embriagais; estais vestidos e não vos aqueceis; quem trabalha por salário, guarda-o em saco roto. 7Isto diz o Senhor dos exércitos: Considerai, com todo o coração, a difícil conjuntura que estais passando: 8mas subi ao monte, trazei madeira e edificai a casa; ela me será aceitável, nela me glorificarei, diz o Senhor.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Responsório (Sl 149)

— O Senhor ama seu povo de verdade.
— O Senhor ama seu povo de verdade.

— Cantai ao Senhor Deus um canto novo, e o seu louvor na assembleia dos fiéis! Alegre-se Israel em quem o fez, e Sião se rejubile no seu Rei!

— Com danças glorifiquem o seu nome, toquem harpa e tambor em sua honra! Porque, de fato, o Senhor ama seu povo e coroa com vitória os seus humildes.

— Exultem os fiéis por sua glória, e cantando se levantem de seus leitos; com louvores do Senhor em sua boca; eis a glória para todos os seus santos.

Evangelho (Lc 9,7-9)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 7o tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o que estava acontecendo, e ficou perplexo, porque alguns diziam que João Batista tinha ressuscitado dos mortos. 8Outros diziam que Elias tinha aparecido; outros ainda, que um dos antigos profetas tinha ressuscitado. 9Então Herodes disse: “Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?” E procurava ver Jesus.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

Aprendamos com Jesus o caminho da coerência e da verdade

Jesus não foi protestar, não foi jogar pedra na casa de ninguém; não acusou ninguém, mas a Sua coerência de vida foi o suficiente para incomodar a sociedade da Sua época!

“Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?” (Lucas 9, 9)

A Palavra de Deus, hoje, nos ajuda a refletir sobre a presença incômoda de Jesus. E vai nos ajudar, também, a entender, porque, muitas vezes, a nossa presença incomoda as pessoas.
Você, talvez, eu, ou qualquer um de nós, podemos incomodar alguém, porque as pessoas podem não gostar do que fazemos. Mas, é preciso ter a seguinte atenção: nós não podemos viver à mercê do que as pessoas gostam ou não gostam, mas precisamos viver à mercê da autenticidade de vida.
Ser autêntico não é sinônimo de falar o que queremos, o que pensamos, o que achamos a qualquer hora e momento. Mas, é acima de tudo saber ser correto.
Vamos olhar, hoje, para o exemplo de Jesus. A presença d’Ele incomodava demais! A quem incomodava? Incomodava quem não se deixava iluminar pela Palavra de Deus, incomodava quem vivia a Palavra de Deus de forma distorcida, errada e queria levar vantagens sobre a Palavra de Deus que conheciam.
A presença de Jesus é incômoda, porque Jesus é justo, correto, temente, é obediente a Deus. Às vezes, achamos que as pessoas que estão muito ‘certinhas’ incomodam demais; e às vezes, as pessoas que vivem uma vida correta, certa, querem deixar de ser certas e corretas, porque todo mundo acha que ‘o viver que todos vivem’ é o correto.
Quero dizer a você que não; você que vive uma vida justa, correta, uma vida de acordo com a Palavra de Deus. Não seja chato, não seja aquela pessoa desequilibrada, você não precisa cobrar nada de ninguém, você precisa apenas viver e respeitar quem vive diferente de você.
A melhor forma de mostrarmos para o mundo que cremos é sermos bem aquilo que acreditamos; viver de forma encarnada em nós, com amor, com o coração; não com imposição, mas sermos coerentes com aquilo que acreditamos.
Nós não precisamos impor nada a ninguém, porque Jesus não impôs nenhum de Seus ensinamentos a ninguém da Sua época, mas, ensinou, viveu e quem quis segui-Lo, seguiu.
O mundo de hoje é assim, não adianta espernear, não adianta perder os cabelos, não adianta se enfurecer, porque o mundo de hoje é todo contra a Palavra de Deus, o mundo de hoje está todo errado. Se você for o último certo da humanidade, está muito bom! Espero que seu ‘certo’ não seja se achar melhor ou mais importante do que alguém. Mas, humildemente certo, porque faz todo esforço do mundo para ser discípulo de Jesus, para colocar em prática a Sua Palavra, e isso já é um incômodo.
Jesus não foi protestar, não foi jogar pedra na casa de ninguém; não acusou ninguém, mas a Sua coerência de vida foi o suficiente para incomodar a sociedade da Sua época! No mundo de hoje têm muitas pessoas gritando e poucos vivendo com coerência o que falam!

Que Deus nos ensine o caminho da coerência e da verdade!

Deus abençoe você!

domingo, 20 de setembro de 2015

25º Domingo do Tempo Comum - 20/09/2015


Primeira Leitura (Sb 2,12.17-20) 

Leitura do Livro da Sabedoria:
Os ímpios diziam: 12“Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa disciplina.17Vejamos, pois, se é verdade o que ele diz, e comprovemos o que vai acontecer com ele. 18Se, de fato, o justo é ‘filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos.
19Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência; 20vamos condená-lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro”. 

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.


Responsório (Sl 53)

— É o Senhor quem sustenta minha vida!
— É o Senhor quem sustenta minha vida!

— Por vosso nome, salvai-me, Senhor;/ e dai-me a vossa justiça!/ Ó meu Deus, atendei minha prece/ e escutai as palavras que eu digo!
— Pois contra mim orgulhosos se insurgem,/ e violentos perseguem-me a vida;/ não há lugar para Deus aos seus olhos./ Quem me protege e me ampara é meu Deus;/ é o Senhor quem sustenta minha vida!
— Quero ofertar-vos o meu sacrifício,/ de coração e com muita alegria;/ quero louvar, ó Senhor, vosso nome,/quero cantar vosso nome que é bom!

Segunda Leitura (Tg 3,16-4,3)

Leitura da Carta de São Tiago:
Caríssimos: 3,16Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más.
17Por outra parte, a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento.
18O fruto da justiça é semeado na paz para aqueles que promovem a paz.
4,1De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, justamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós?
2Cobiçais, mas não conseguis ter. Matais e cultivais inveja, mas não conseguis êxito. Brigais e fazeis guerra, mas não conseguis possuir. E a razão está em que não pedis. 3Pedis, sim, mas não recebeis, porque pedis mal. Pois só quereis esbanjar o pedido nos vossos prazeres.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.


Anúncio do Evangelho (Mc 9,30-37)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 30Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso,31pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão. Mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará”.
32Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar. 33Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “O que discutíeis pelo caminho?”
34Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior.
35Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!”
36Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse: 37“Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas àquele que me enviou”. 

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.






Busquemos na simplicidade o amor de Deus. Buscar o último lugar é buscar o coração de Deus na espiritualidade e no modo de ser da simplicidade.

“Quem acolher em meu nome uma destas crianças, é a mim que estará acolhendo” (Marcos 9, 37).


O primeiro convite que a Palavra de Deus quer fazer ao nosso coração, no dia de hoje, é a disposição de vivermos a espiritualidade da ‘menoridade’.
Sabe, meus queridos irmãos, não procurem ter sentimentos grandiosos, não procurem, de forma nenhuma, serem reconhecidos, exaltados, louvados, engrandecidos pelo que fazem. Vivam a espiritualidade do seguimento de Jesus de forma escondida, sóbria, serena, sem precisarem de confetes e engrandecimentos humanos.
Se nós queremos, primeiro, ser bons, qualificados no que fazemos, busquemos o último lugar! Sabe, o último lugar é o lugar que não incomoda, é o lugar que ninguém quer, é o lugar que ninguém disputa, mas é ali que Deus está em primeiro lugar. Não pense que é mais abençoado quem está à frente, quem aparece mais.
Quando olho uma pobre viúva, uma pobre mãe; e ‘pobre’ aqui não é no sentido de pobreza material, mas é olhar para aquela pessoa que, na simplicidade do seu coração, vive com tanta santidade, com tanta dedicação à Palavra de Deus em sua vida. Que santidade de vida, que escola, que exemplo de vida, que espelho para nós!
Por isso, busquemos os últimos lugares! Buscar o último lugar não é se acomodar e não querer se comprometer com as coisas de Deus, em trabalhar para Ele. Não, isso é fuga, é falta de comprometimento. Buscar o último lugar é buscar o coração de Deus na espiritualidade e no modo de ser da simplicidade. Ser simples é não ser o mais exaltado, o sempre lembrado. Isso nunca faz bem a um discípulo de Jesus!
E para nós cabe sempre o exemplo das crianças. Na história da humanidade e na cultura judaica também, as crianças eram vistas como insignificantes, um ser sem muita importância. ‘Criança é criança, não sabe de nada’, alguns dizem assim e não dão o valor que a criança merece; o cuidado e a atenção.
Criança nos diz tanto, nos diz por aquilo que faz e deixa de fazer, mas hoje é um convite muito especial: sabermos acolher as crianças e darmos a atenção que merecem. Nós não podemos deixar, de forma nenhuma, de nos lembrar das crianças que estão em orfanatos, que foram abandonadas, que não têm pai ou mãe, vida e voz na sociedade; que vivem o drama de serem refugiadas ainda vivendo a infância.
Demos uma atenção especial para essas crianças, porque nelas se manifesta o amor de Deus! Como Cristo precisa ser escolhido, amado, cuidado em cada uma de nossas crianças!

Que Deus abençoe você!


Homilia: Padre Roger Araújo

sábado, 19 de setembro de 2015

Espelho da Perfeição - 1


Começa o Espelho da Perfeição do estado do Frade Menor.
CAPÍTULO 1
1 Depois que foi perdida a segunda Regra que o bem-aventurado Francisco tinha feito, ele  subiu a um monte (cf. Ex 24,18; Mt 5,1) com Frei Leão de Assis e Frei Bonício de Bolonha para redigir outra Re­gra, que mandou escrever com o ensino de Cristo.
2 Reunidos ao mesmo tempo com Frei Elias, que era vigário do bem-aventurado Francisco, muitos ministros lhe disseram: “Soubemos que esse Frei Francisco está compondo uma nova Regra; tememos que a faça tão áspera que não possamos obser­vá-la. 3 Queremos, pois, que vás a ele e lhe digas que não quere­mos ser obrigados a essa Regra. Que a faça para si e não para nós”.
4 Frei Elias respondeu-lhes que não queria ir, temendo uma re­preensão de São Francisco. Então eles insistiram que fosse e ele disse que não queria ir sem eles. 5 Chegando perto do lugar onde estava São Francisco, Frei Elias o chamou. São Francisco respondeu e, vendo os preditos mi­nistros, disse: “O que querem estes frades”?
6 E Frei Elias respondeu: “Estes são ministros, que ouviram falar que estás fazendo uma Regra nova e, temendo que a faças demasiado áspera, dizem e protestam que não querem ser obrigados a ela; que a faças para ti e não para eles”.
7  Então, São Francisco voltou o rosto para o céu e assim falou a Cristo: “Senhor, eu não te disse bem que eles não acreditariam em mim?”
8 Então, ouviram todos a voz de Cristo, que respondia no ar: “Francisco, nada há na Regra de teu, mas tudo o que aí está, é meu; e quero que a Regra seja observada ao pé da letra, ao pé da letra, ao pé da letra, sem comentários, sem comentários, sem comentários”. 9 E acrescentou: “Sei quanto pode a fraqueza humana e quanto quero ajudá-los. Portanto, os que não querem observá-la, que saiam da Ordem”.
10 Então São Francisco voltou-se para os frades e lhes dis­se: “Ouvistes! Ouvistes! Quereis que vo-lo faça repetir?” E os ministros, reconhecendo sua falta, afastaram-se confusos e atemorizados.

São Januário - Sábado 19/09/2015


Primeira Leitura (1Tm 6,13-16)

Leitura da Primeira Carta de São Paulo a Timóteo.
Caríssimo, 13diante de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Cristo Jesus, que deu o bom testemunho da verdade perante Pôncio Pilatos, eu te ordeno: 14guarda o teu mandato íntegro e sem mancha até a manifestação gloriosa de nosso Senhor Jesus Cristo.
15Esta manifestação será feita no tempo oportuno pelo bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, 16o único que possui a imortalidade e que habita numa luz inacessível, que nenhum homem viu, nem pode ver. A ele, honra e poder eterno. Amém.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Responsório (Sl 99)

— Com canto apresentai-vos diante do Senhor!
— Com canto apresentai-vos diante do Senhor!

— Aclamai o Senhor, ó terra inteira, servi ao Senhor com alegria, ide a ele cantando jubilosos!

— Sabei que o Senhor, só ele é Deus. Ele mesmo nos fez, e somos seus, nós somos seu povo e seu rebanho!

— Entrai por suas portas dando graças, e em seus átrios com hinos de louvor; dai-lhe graças, seu nome bendizei!

— Sim, é bom o Senhor e nosso Deus, sua bondade perdura para sempre, seu amor é fiel eternamente!

Evangelho (Lc 8,4-15)

— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 4reuniu-se uma grande multidão, e de todas as cidades iam ter com Jesus. Então ele contou esta parábola: 5“O semeador saiu para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte caiu a beira do caminho; foi pisada e os pássaros do céu a comeram.

6Outra parte caiu sobre pedras; brotou e secou, porque não havia umidade. 7Outra parte caiu no meio de espinhos; os espinhos cresceram juntos, e a sufocaram. 8Outra parte caiu em terra boa; brotou e deu fruto, cem por um”.

9Os discípulos lhe perguntaram o significado dessa parábola. Jesus respondeu: 10“A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Mas aos outros, só por meio de parábolas, para que olhando não vejam, e ouvindo não compreendam”.

11A parábola quer dizer o seguinte: A semente é a Palavra de Deus. 12Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouviram, mas, depois, vem o diabo e tira a Palavra do coração deles, para que não acreditem e não se salvem.

13Os que estão sobre a pedra são aqueles que, ouvindo, acolhem a Palavra com alegria. Mas eles não têm raiz: por um momento acreditam; mas na hora da tentação voltam atrás. 14Aquilo que caiu entre os espinhos são os que ouvem, mas, com o passar do tempo são sufocados pelas preocupações, pela riqueza e pelos prazeres da vida, e não chegam a amadurecer. 15E o que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra, e dão fruto na perseverança.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.


Que importância você tem dado à Palavra de Deus?


É importante dar atenção à Palavra de Deus, a atenção que ela merece, ela precisa ser acolhida como Palavra de Deus.

“E o que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra, e dão fruto na perseverança” (Lucas 8, 15).

A linda parábola do semeador, explicada por Jesus no Evangelho de hoje, merece sempre a nossa consideração, a nossa apreciação e atenção devidas. Primeiro, porque a parábola do semeador é, na verdade, a ‘parábola do coração’. Ela [a parábola] está contando como é o coração de cada ser humano; o meu coração, o seu coração, o coração de cada um de nós.

Sabemos que o nosso coração é, na verdade, um terreno que cai tudo, cabe tudo, entra tudo em nosso coração. Quantas coisas jogam, quantas coisas semeiam, quantas coisas vamos deixando crescer em nosso coração. Aqui tem repolho, alface, tem frutos de todas as espécies e maneiras.

Existe uma semente que é jogada em nosso coração desde que somos crianças, muito antes de nosso batizado, quando estávamos no ventre de nossa mãe. Ela [nossa mãe] já escutava a Palavra de Deus e esta caía aqui [no nosso coração]. É que, às vezes, vieram outras coisas, outras forças, outras árvores, outras sementes e sufocaram a Palavra de Deus.

Nós vivemos rodeados pela semente da Palavra de Deus. Apenas é importante dar atenção à Palavra de Deus, a atenção que ela merece, ela precisa ser acolhida como Palavra de Deus. Não é uma palavra qualquer, vem diretamente do coração de Deus!

Ela não pode ser comparada a abrolhos, ervas daninhas e, muitas vezes, as ervas daninhas estão crescendo em nossa vida, sufocando, maltratando e aniquilando a Palavra de Deus em nós.

Por isso, a primeira coisa: constância em ouvir a Palavra de Deus, em deixar que ela cresça em nosso coração e produza frutos. E, prestar atenção naquilo que destrói essa Palavra em nós: a distração, a falta de atenção, os prazeres da vida, do mundo e, sobretudo, deixarmo-nos levar pelos problemas e dificuldades. Precisamos deixar que essa Palavra caia em nosso coração e comece a produzir frutos, não importa a quantidade, se serão dez, trinta, cem por um.

Tem um fruto que não pode faltar: a constância, a perseverança. Persevere na leitura da Palavra de Deus, persevere nos propósitos que você já fez com Deus. Por isso, o mais importante não é fazer muitos propósitos ou muitas coisas, mas o pouco que fizer, faça bem feito. Persevere, pois quem perseverar até o fim será salvo!

Não basta ser de Deus, é preciso perseverar nos caminhos do Senhor. E se cultivamos bem a semente da Sua Palavra em nosso coração; cultivamos, cuidamos, tratamos e permitimos ela crescer, vamos colher os frutos para a eternidade!

Deus abençoe você!
(Homilia pe. Roger Araújo).

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Liturgia diária: 23ª Semana Comum - Quinta-feira 10/09/2015


Primeira Leitura (Cl 3,12-17)

Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses.

Irmãos, 12vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, 13suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também.
14Mas, sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição. 15Que a paz de Cristo reine em vossos corações, à qual fostes chamados como membros de um só corpo. E sede agradecidos. 16Que a palavra de Cristo, com toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria. Do fundo dos vossos corações, cantai a Deus salmos, hinos e cânticos espirituais, em ação de graças. 17Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo. Por meio dele dai graças a Deus, o Pai.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Responsório (Sl 150)

— Louve o Senhor tudo o que vive e que respira.
— Louve o Senhor tudo o que vive e que respira.


— Louvai o Senhor Deus no santuário, louvai-o no alto céu de seu poder! Louvai-o por seus feitos grandiosos, louvai-o em sua grandeza majestosa!

— Louvai-o com o toque da trombeta, louvai-o com a harpa e com a cítara! Louvai-o com a dança e o tambor, louvai-o com as cordas e as flautas!

— Louvai-o com os címbalos sonoros, louvai-o com os címbalos de júbilo! Louve a Deus tudo o que vive e que respira, tudo cante os louvores do Senhor!

Evangelho (Lc 6,27-38)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, falou Jesus aos seus discípulos: 27“A vós que me escutais, eu digo: Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, 28bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam.29Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto, deixa-o levar também a túnica. 30Dá a quem te pedir e, se alguém tirar o que é teu, não peças que o devolva. 31O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles. 32Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Até os pecadores amam aqueles que os amam. 33E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que recompensa tereis? Até os pecadores fazem assim. 34E se emprestais somente àqueles de quem esperais receber, que recompensa tereis? Até os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia. 35Ao contrário, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e os maus. 36Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. 37Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. 38Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será posta no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.

Sejamos misericordiosos com o nosso próximo

Sejamos misericordiosos com o nosso próximo. Só quem mergulha na misericórdia divina é capaz de viver a misericórdia para com seu próximo.

“Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso” (Lucas 6, 36).

A misericórdia é o remédio que precisamos em todas as etapas da nossa vida. Primeiro, nós precisamos da misericórdia de Deus. E como precisamos, como necessitamos! A misericórdia de Deus é o bálsamo que cura as feridas da nossa vida, cura as marcas, as manchas que o pecado deixa em nós. Nós precisamos ser ávidos, sedentos dessa misericórdia divina; precisamos nos banhar e mergulhar nessa misericórdia para que o nosso coração seja sarado, revigorado, para que possamos viver intensamente o amor de Deus em nós. Só quem mergulha nessa misericórdia divina é capaz de viver a misericórdia para com seu próximo. Porque, as nossas relações mútuas, as nossas relações familiares, a nossa convivência um com o outro precisa estar recheada da misericórdia. Precisamos ter o coração como o de Deus, precisamos ter o coração cheio de misericórdia! E aí alguns elementos se fazem importantes para quem tem um coração misericordioso. Primeiro: não julgue; nós não podemos viver julgando uns aos outros. Nós não conhecemos, não estamos na essência do outro, não estamos no lugar do outro, não sofremos como o outro e não passamos o que ele passa. Então, não podemos nos tornar juízes uns dos outros. Além de não julgar, não podemos condenar. Estamos cheios de sentenças de uns para com os outros; já julgamos na mente, já condenamos dentro de nós, já decretamos a sentença para com o nosso próximo. Veja, não foi desta forma que Deus nos tratou. Ele, em primeiro lugar, não nos julgou, não nos condenou, mas nos absolveu com Sua misericórdia infinita. Uma vez que não julgamos, não condenamos, precisamos saber exercer o perdão em nossa vida! E como exercemos o perdão em nossa vida? Olhando para a forma como Deus nos perdoa, como o perdão d’Ele está agindo em nós, como o perdão de Deus é gratuito e abundante. Só sabe viver a misericórdia quem não julga, não condena. Mas, sobretudo, perdoa as fraquezas, os limites que o próximo tem!

Deus abençoe você!

(Homilia de Pe. Roger Araújo)

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Liturgia diária: 23ª Semana Comum - Segunda-feira 07/09/2015



Primeira Leitura (Cl 1,24-2,3)


Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses.

Irmãos, 1,24alegro-me de tudo o que já sofri por vós e procuro completar na minha própria carne o que falta das tribulações de Cristo, em solidariedade com o seu corpo, isto é a Igreja. 25A ela eu sirvo, exercendo o cargo que Deus me confiou em sua plenitude: 26o mistério escondido por séculos e gerações, mas agora revelado aos seus santos. 27A estes Deus quis manifestar como é rico e glorioso entre as nações este mistério: a presença de Cristo em vós, a esperança da glória. 28Nós o anunciamos, admoestando a todos e ensinando a todos, com toda sabedoria, para a todos tornar perfeitos em sua união com Cristo. 29Para isso eu me esforço com todo o empenho, sustentado pela sua força que em mim opera. 2,1Quero pois que saibais que luta difícil sustento por vós, pelos fiéis de Laodiceia e por tantos outros, que não me conhecem pessoalmente, 2para que sejam consolados e se mantenham unidos na caridade, para que eles cheguem a entender profunda e plenamente o mistério de Deus Pai e de Cristo Jesus, 3no qual estão encerrados todos os tesouros da sabedoria e da ciência.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Responsório (Sl 61,6-7.9)

— A minha glória e salvação estão em Deus.
— A minha glória e salvação estão em Deus.

— Só em Deus a minha alma tem repouso, porque dele é que me vem a salvação! Só ele é meu rochedo e salvação, a fortaleza, onde encontro segurança!

— Povo todo, esperai sempre no Senhor, e abri diante dele o coração: nosso Deus é um refúgio para nós

Evangelho (Lc 6,6-11)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Aconteceu num dia de sábado que, 6Jesus entrou na sinagoga, e começou a ensinar. Aí havia um homem cuja mão direita era seca. 7Os mestres da Lei e os fariseus o observava, para ver se Jesus iria curá-lo em dia de sábado, e assim encontrarem motivo para acusá-lo. 8Jesus, porém, conhecendo seus pensamentos, disse ao homem da mão seca: “Levanta-te, e fica aqui no meio”. Ele se levantou, e ficou de pé. 9Disse-lhes Jesus: “Eu vos pergunto: O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?”10Então Jesus olhou para todos os que estavam ao seu redor, e disse ao homem: “Estende a tua mão”. O homem assim o fez e sua mão ficou curada. 11Eles ficaram com muita raiva, e começaram a discutir entre si sobre o que poderiam fazer contra Jesus.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.


Promova a dignidade do próximo.

"É necessário promover o outro, tirá-lo do estado de prostração em que se encontra e dizer: ‘Olha, você é importante!’. Traga-o para o meio!

“Disse ao homem da mão seca: “Levanta-te, e fica aqui no meio”. Ele se levantou, e ficou de pé” (Lucas 6, 8).

O que Jesus está fazendo, hoje, mais do que a graça de curar este homem que tem a mão seca é promover a dignidade a este filho de Deus que, pelo fato de ter essa enfermidade está na condição de rebaixado, excluído e marginalizado. Porque, eles [os mestres da Lei e os fariseus] olhavam a pessoa com uma doença ou uma enfermidade grave como amaldiçoado, castigado, impuro, por tantas outras denominações que revelam, na verdade, o preconceito ou a verdade de não querer se aproximar ou trazer para dentro de nós quem sofre disso ou daquilo.

Por isso, a ação de Jesus não é simplesmente curar por curar, mas é primeiro promover. É por isso que Jesus traz aquele homem de mãos secas para o meio deles [os mestres da Lei e os fariseus].

Primeiro se levantou; ele estava prostrado porque, para ele a sua situação não tinha mais jeito.

Sabe, meus irmãos, quantas pessoas no meio de nós estão, muitas vezes, prostradas, sentadas, deitadas ou simplesmente arrastando pela vida, porque parece que não tem mais jeito, ou olhamos para elas como se realmente não tivessem mais jeito.

Então, a primeira coisa: é necessário promover o outro, tirá-lo do estado de prostração em que se encontra e dizer: ‘Olha, você é importante!’. Traga-o para o meio!

A grande roda da vida acontece assim: as pessoas ficam em roda, existem os que estão fora da roda, existem os que estão lado a lado na roda e os que estão no meio da roda. E quem está no meio da roda são aqueles que nós paramos para ver ou para dar mais importância. Então, coloque as pessoas que estão excluídas da roda da sua vida para o meio, mostre a elas que tem importância, valor e toque nas mãos delas.

Sabe, pode ser que aquilo que está seco nelas, às vezes, esteja também seco dentro de mim e de você! Revigore, revitalize, restaure a relação que foi cortada e promova a dignidade do outro. Dê valor àquele ou àquela que talvez ninguém dê valor. Dê valor a quem talvez esteja esquecido, desvalorizado ou sem importância na sua vida.

Eu sei que você vai dizer: ‘Mas, Deus é quem está no centro da minha vida!’. Não tire Deus do centro, porque o Deus que está no centro quer trazer pessoas que estão fora, estão na margem, excluídas para dizer que Ele está nelas. Traga quem está fora para dentro da roda e a promova, a valorize; faça essa pessoa sentir-se importante, dê vida e vigor a ela.

Podemos pensar que uma pessoa que nasceu com esta ou aquela enfermidade será uma marginalizada, excluída e não vai participar da vida, quando, na verdade, ela se torna o referencial da nossa vida; nos ensina valores que não conseguimos enxergar em nenhum outro lugar.

Basta promover quem não tem importância para percebermos a importância maior que a vida tem!

Deus abençoe você!"

( homilia do Pe. Roger Araújo).

Responsório (Sl 61,6-7.9)


— A minha glória e salvação estão em Deus.]

domingo, 6 de setembro de 2015

23º Domingo do Tempo Comum - 06/09/2015



Primeira Leitura (Is 35,4-7a)

Leitura do Livro do Profeta Isaías:
4Dizei às pessoas deprimidas: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar”. 5Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. 6O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos, assim como brotarão águas no deserto e jorrarão torrentes no ermo. 7a A terra árida se transformará em lago, e a região sedenta, em fontes d’água.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Responsório (Sl 145)

— Bendize, ó minha alma, ao Senhor./ Bendirei ao Senhor toda a vida!
— Bendize, ó minha alma, ao Senhor./ Bendirei ao Senhor toda a vida!

— O Senhor é fiel para sempre,/ faz justiça aos que são oprimidos;/ ele dá alimento aos famintos,/ é o Senhor quem liberta os cativos.

— O Senhor abre os olhos aos cegos,/ o Senhor faz erguer-se o caído;/ o Senhor ama aquele que é justo./ É o Senhor quem protege o estrangeiro.

— Ele ampara a viúva e o órfão,/ mas confunde os caminhos dos maus./ O Senhor reinará para sempre!/ Ó Sião,o teu Deus reinará/ para sempre e por todos os séculos!

Segunda Leitura (Tg 2,1-5)

Leitura da Carta de São Tiago:
1Meus irmãos: a fé que tendes em nosso Senhor Jesus Cristo glorificado não deve admitir acepção de pessoas. 2Pois bem, imaginai que na vossa reunião entra uma pessoa com anel de ouro no dedo e bem vestida, e também um pobre, com sua roupa surrada, 3e vós dedicais atenção ao que está bem vestido, dizendo-lhe: “Vem sentar-te aqui, à vontade”, enquanto dizeis ao pobre: “Fica aí, de pé”, ou então: “Senta-te aqui no chão, aos meus pés”, 4não fizestes, então, discriminação entre vós? E não vos tornastes juízes com critérios injustos? 5Meus queridos irmãos, escutai: não escolheu Deus os pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Anúncio do Evangelho (Mc 7,31-37)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 31Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole. 32Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão.33Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. 34Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!” 35Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. 36Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. 37Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar”.

Reflexão: 

Amados Irmãos, Paz e bem!!!


"Tocados por Deus podemos testemunhá-Lo ao mundo

Precisamos permitir que a saliva do Senhor, – não há nada mais íntimo do que a saliva de uma pessoa –, toque em nossa língua para que possamos falar, proclamar e testemunhar a ação de Deus em nós.

“Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade” (Marcos 7, 35).

A Palavra de Deus nos mostra um homem que foi levado até Jesus; este era surdo, não escutava e também falava com muita dificuldade. E acreditaram que se Jesus tocasse neste homem ele poderia voltar a escutar e falar sem problemas.

“Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com sua própria saliva tocou a língua dele e proclamou: ‘Efatá! Abre-te! Permita que a graça de Deus entre neste homem para que escute, fale e proclame que Deus é maior em sua vida’ (cf.Marcos 7, 32-34).

Quando olhamos para a realidade de cada um de nós, muitas vezes, vamos ficando surdos, não conseguimos ouvir Deus, Sua Palavra, Sua ação agindo em nós. Não conseguimos ter sintonia com o sofrimento, com as necessidades, com o clamor de quem está ao nosso lado.

Quem escuta pouco a Deus, fala pouco de Deus, fala com dificuldade ou não fala nada. Não podemos nos esquecer que aprendemos a falar porque, primeiro, nós tínhamos condição de ouvir e nós falamos aquilo que ouvimos, falamos de Deus aquilo que escutamos d’Ele.

E o “falar” não é simplesmente ter uma boa retórica ou palavras acertadas, medidas, premeditadas, mas é o falar da graça, falar da unção, trazer a unção de Deus naquilo que se fala. Para isso é preciso ter ouvidos para escutá-Lo. Por isso, Jesus tira-nos do meio da multidão e coloca-nos muito próximos d’Ele. E precisamos, na verdade, querer sair do meio da multidão para ficarmos mais próximos de Jesus.

A “multidão” é a multidão de trabalho, de ocupação, de pessoas, de compromissos que muitas vezes temos que nos impossibilita de ficarmos a sós com Jesus e permitir que Ele toque a nossa intimidade, que o Seu dedo, o dedo da graça possa tocar os nossos ouvidos para que possamos escutar de verdade.

Precisamos permitir que a saliva do Senhor, – não há nada mais íntimo do que a saliva de uma pessoa –, toque em nossa língua para que possamos falar, proclamar e testemunhar a ação de Deus em nós.

Por isso, estou suplicando e pedindo a Deus que nos tire da multidão de ocupações que temos para sermos tocados, revestidos pela Sua graça; para podermos proclamar as maravilhas do Seu Reino!

Quando não somos tocados pela graça, não podemos testemunhar a graça de Deus que há em nós!

Deus abençoe você!"



Padre Roger Araújo

O amor não é amado!



Certa vez, Francisco caminhava pelo bosque e as lágrimas nitidamente rolavam pelos seus olhos! Pelo caminho, ele encontra um camponês, que curioso o pergunta:

Que aconteceu irmão?
Por que estás chorando?


O Irmão respondeu:

Meu irmão,
o meu Senhor está na Cruz
e me perguntas por que choras?

Quisera ser neste momento
o maior oceano da terra,
para ter tudo isso de lágrimas.

Quisera que se abrissem
ao mesmo tempo todas
as comportas do mundo
e se soltassem
as cataratas
e os dilúvios
para me emprestarem
mais lágrimas.

Mas ainda que juntemos
todos os rios e mares,
não haverá lágrimas
suficientes para chorar
a dor e o amor
de meu Senhor crucificado.

Quisera ter as asas invencíveis
de uma águia para atravessar
as cordilheiras e gritar
sobre as cidades:

O Amor não é amado!
O Amor não é amado!

Como é que os homens podem amar
uns aos outros se não amam o Amor?

(São Francisco de Assis)

sábado, 5 de setembro de 2015

Liturgia Diária: 22ª Semana Comum - Sábado 05/09/2015.



Primeira Leitura(Cl 1,21-23)

Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses.

Irmãos, 21e vós, que outrora éreis estrangeiros e inimigos pelas manifestas más obras, 22eis que agora Cristo vos reconciliou pela morte que sofreu no seu corpo mortal, para vos apresentar como santos, imaculados, irrepreensíveis diante de si.
23Mas é necessário que permaneçais inabaláveis e firmes na fé, sem vos afastardes da esperança que vos dá o evangelho, que ouvistes, que foi anunciado a toda criatura debaixo do céu e do qual eu, Paulo, me tornei ministro.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.


Responsório (Sl 53)

— Quem me protege e me ampara é meu Deus.
— Quem me protege e me ampara é meu Deus.

— Por vosso nome, salvai-me, Senhor; e dai-me a vossa justiça! Ó meu Deus, atendei minha prece e escutai as palavras que eu digo!
— Quem me protege e me ampara é meu Deus; é o Senhor quem sustenta minha vida! Quero ofertar-vos o meu sacrifício de coração e com muita alegria; quero louvar, ó Senhor, vosso nome, quero cantar vosso nome que é bom!


Evangelho (Lc 6,1-5)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

1Num sábado, Jesus estava passando através de plantações de trigo. Seus discípulos arrancavam e comiam as espigas, debulhando-as com as mãos. 2Então alguns fariseus disseram: “Por que fazeis o que não é permitido em dia de sábado?”
3Jesus respondeu-lhes: “Acaso vós não lestes o que Davi e seus companheiros fizeram, quando estavam sentindo fome? 4Davi entrou na casa de Deus, pegou dos pães oferecidos a Deus e os comeu, e ainda por cima os deu a seus companheiros. No entanto, só os sacerdotes podem comer desses pães”. 5E Jesus acrescentou: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.



Alimentemos nossa fé e permaneçamos em Deus

"É preciso uma fé consistente, uma fé madura que dia a dia vai se tornando robusta ao ponto de dizermos: ‘Eu sei mesmo em quem depositei minha fé!’
“Mas é necessário que permaneçais inabaláveis e firmes na fé, sem vos afastardes da esperança que vos dá o evangelho, que ouvistes” (Cl 1, 23).

A Palavra de Deus é um choque de ânimo ao nosso coração e à nossa vontade. A primeira coisa é permanecerinabalável. Olhamos para a nossa estrutura humana, física, psicológica, espiritual e percebemos que temos muitas fragilidades. Todos nós somos muito frágeis, suscetíveis à quedas.

Quantas coisas nos desanimam, nos jogam no chão e nos deixam prostrados. Por qualquer coisa ou talvez por uma soma de coisas ficamos fracos, para baixo e, muitas vezes, a nossa fé é abalada.

O que é necessário para se tornar inabalável na fé? Justamente alimentar as nossas fraquezas.

E quando digo “alimentar” fraquezas, não é se tornar cada vez mais frágil. É reconhecer as fraquezas que temos e alimentá-las com a graça, com o poder e com a ação de Deus; reconhecendo e entregando a Ele as fragilidades que temos. Na verdade, precisamos abastecer nossas fraquezas com a graça que vem do Alto!

Não somos nós que nos tornamos inabaláveis, é a ação de Deus em nós que vai tornando dura e resistente essa graça e disposição interior que temos. Por isso, meus irmãos, para permanecermos firmes e inabaláveis precisamos nos tornar, cada vez mais, dependentes de Deus, da Sua graça, do Seu amor, do Seu Espírito que conduz o nosso coração e a nossa vida.

Nós não podemos viver uma fé ‘mais ou menos’, não podemos viver uma fé que qualquer vento derruba, qualquer tempestade leva, qualquer enxurrada lava. É preciso uma fé consistente, uma fé madura que dia a dia vai se tornando robusta ao ponto de dizermos: ‘Eu sei mesmo em quem depositei minha fé!’ .

Deixe-me dizer uma coisa a você: alimente a sua fé. Assim como o nosso corpo, que para permanecer em pé precisa ser alimentado, para nos tornarmos resistentes a tantas fragilidades da vida, precisamos alimentar bem nosso corpo e nossa mente. Assim como uma pessoa que quer ter bons pensamentos, que quer crescer intelectualmente precisa alimentar-se com boas leituras, com uma boa formação, a fé é da mesma maneira. Alimentamos a nossa fé ou esta se torna fragilizada, vai se esvaziando e daqui a pouco, também perdemos a pouca fé que temos ou somos jogados no chão, porque não a alimentamos.

Alimentamos a nossa fé pela oração, pela intimidade, pelo contado com Deus; alimentamos a nossa fé pela leitura diária da Palavra de Deus, pela Eucaristia [o Corpo e o Sangue de Cristo] que vem realmente para incendiar a nossa fé; alimentamos a nossa fé vivendo no dia a dia da nossa vida.

Por isso, hoje, não é dia de desanimar e nenhum dia é dia de desanimar. Todos os dias são de combater o desânimo e alimentar em nós a graça da fé para nos tornarmos inabaláveis, firmes e não nos afastarmos da esperança do Evangelho. Porque, têm muitas coisas para nos afastar de Deus, mas quando alimentamos a nossa fé é n’Ele que permanecemos firmes!"




Deus abençoe você!


Reflexão: Pe. Roger Araújo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Liturgia Diária do dia 04/09/15.


22ª Semana Comum - Sexta-feira.


Primeira Leitura (Cl 1,15-20)

Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses.
15Cristo Jesus é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, 16pois por causa dele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, as visíveis e as invisíveis, tronos e dominações, soberanias e poderes.


Tudo foi criado por meio dele e para ele. 17Ele existe antes de todas as coisas e todas têm nele a sua consistência. 18Ele é a Cabeça do corpo, isto é, da Igreja. Ele é o princípio, o Primogênito dentre os mortos; de sorte que em tudo ele tem a primazia, 19porque Deus quis habitar nele com toda a sua plenitude e 20por ele reconciliar consigo todos os seres, os que estão na terra e no céu, realizando a paz pelo sangue da sua cruz.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Responsório (Sl 99)
— Com canto apresentai-vos diante do Senhor!
— Com canto apresentai-vos diante do Senhor!

— Aclamai o Senhor, ó terra inteira, servi ao Senhor com alegria, 
ide a ele cantando jubilosos!
— Sabei que o Senhor, só ele, é Deus, ele mesmo nos fez, e somos seus,
 nós somos o seu povo e seu rebanho.
— Entrai por suas portas dando graças, e em seus átrios com hinos de louvor;
 dai-lhe graças, seu nome bendizei!
— Sim, é bom o Senhor e nosso Deus, sua bondade perdura para sempre, 
seu amor é fiel eternamente!

Evangelho (Lc 5,33-39)

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 33os fariseus e os mestres da Lei disseram a Jesus: “Os discípulos de João, e também os discípulos dos fariseus, jejuam com frequência e fazem orações. Mas os teus discípulos comem e bebem”.34Jesus, porém, lhes disse: “Os convidados de um casamento podem fazer jejum enquanto o noivo está com eles? 35Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, naqueles dias, eles jejuarão”.36Jesus contou-lhes ainda uma parábola: “Ninguém tira retalho de roupa nova para fazer remendo em roupa velha; senão vai rasgar a roupa nova, e o retalho novo não combinará com a roupa velha. 37Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque, senão, o vinho novo arrebenta os odres velhos e se derrama; e os odres se perdem. 38Vinho novo deve ser posto em odres novos. 39E ninguém, depois de beber vinho velho, deseja vinho novo; porque diz: o velho é melhor”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.


Reflexão do Evangelho:
Com a graça de Deus tudo se faz novo
Pode ser que estejamos cansados, decepcionados, pode ser que
muitas coisas não deram certo em nossa vida. Não tem problema, em Deus tudo pode se fazer novo! 

“Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque, senão, o vinho novo arrebenta os odres velhos e se derrama; e os odres se perdem” (Lucas 5, 37).
Nós não podemos deixar a graça de Deus se perder, deixar o nosso coração se perder. Não podemos deixar a nossa vida perder o sabor e a qualidade.
Deixe-me dizer a você: a graça de Deus é sempre nova, o amor d’Ele é sempre novo. Na verdade, a nossa disposição, o nosso acolhimento e nossas inclinações interiores vão envelhecendo, tomando uma rigidez e parece que nunca mudamos. Podemos até nos cansar de Deus, do Evangelho; alguns chegam à Missa e dizem: ‘Mas este Evangelho já escutei! Já sei o que o padre vai falar! Já sei que a reunião vai ser desta forma!’.
Permita-me dizer a você: as coisas só se renovam quando há uma renovação dentro de nós. O padre, o Evangelho, podem ser os mesmos, mas graça de Deus é sempre nova quando temos um novo coração, uma nova disposição, um novo ânimo, um novo olhar e nos abrimos para acolher novos horizontes. Por isso, não podemos ficar naquele pessimismo, naquele velho ‘azedume’ que vê as coisas do mesmo jeito, de alguém que já se cansou e diz: ‘É assim mesmo! Nada muda!’.
Não é verdade! Quando permitimos, Deus muda todas as coisas. O mundo está aí cada vez pior, mas o mundo que está dentro de nós vai ser novo quando nos abrirmos para a vontade de Deus a cada dia.
Por isso, permita-me dizer ao seu coração: nada de desânimo, nada de fracasso, nada de desistir, nada de dizer ‘Não tem mais jeito!’, porque para Deus, quando nós permitimos, tudo tem jeito, se renova e se faz de novo!
Olhando para uma velha afirmação da própria ciência que diz que “na natureza nada se perde, tudo se transforma”, em Deus, isso é muito mais sublime. Com a graça de Deus nada se perde, tudo se faz novo. Pode ser que estejamos cansados, que nossa saúde esteja debilitada, que tenhamos limites físicos, mas já vi tantas pessoas com debilidades, com deficiências e fazerem o mundo girar, fazerem novas tantas coisas.
É preciso ter um novo coração, é necessário uma nova disposição. Precisamos ter, a cada dia, a coragem de querer mudar. Não vamos nos conformar, achar que as coisas tem que ser assim, pronto e acabou. Sabemos que Deus faz nova todas as coisas. Pode ser que estejamos cansados, decepcionados, pode ser que muitas coisas não deram certo em nossa vida. Não tem problema, em Deus tudo pode se fazer novo!
Que tenhamos um novo coração, uma nova disposição, que o nosso coração seja um odre novo, porque a graça que vem de Deus é nova e faz nova todas as coisas!
Deus abençoe você!


( Homilia de Padre Roger Araújo)


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A perfeita alegria segundo São Francisco de Assis.





Vindo uma vez São Francisco de Perusa para Santa Maria dos Anjos com Frei Leão, era tempo do inverno e o frio grandíssimo o cruciava fortemente. Chamou Frei Leão, que ia indo na frente, e disse assim: “Frei Leão, se acontecer, por graça de Deus, que os frades menores dêem em todas as terras grande exemplo de santidade e de boa edificação; apesar disso, escreve e anota diligentemente que não está aí a perfeita alegria”.

E andando mais adiante, São Francisco chamou-o uma segunda vez: “Ó Frei Leão, ainda que o frade menor ilumine os cegos, estenda os encolhidos, expulse os demônios, faça os surdos ouvirem e coxos andarem, e os mudos falarem e, o que é coisa maior, ressuscite os mortos de quatro dias; escreve que não está aí a perfeita alegria”.

E, andando um pouco, São Francisco gritou forte: “Ó Frei Leão, se o frade menor soubesse todas as línguas, todas as ciências e todas as escrituras, de modo que soubesse profetizar e revelar não somente as coisas futuras mas até os segredos das consciências e das pessoas; escreve que não está nisso a perfeita alegria”.

Andando um pouco mais adiante, São Francisco ainda chamava forte: “Ó Frei Leão, ovelhinha de Deus, ainda que o frade menor fale com a língua do Anjo e saiba os caminhos das estrelas e as virtudes das ervas, e lhe fossem revelados todos os tesouros da terra, e conhecesse as virtudes dos pássaros e dos peixes e de todos os animais, e das pedras e das águas; escreve que não está nisso a perfeita alegria”.

E andando ainda mais um pedaço, São Francisco chamou com força: “Ó Frei Leão, ainda que o frade menor soubesse pregar tão bem que convertesse todos os infiéis para a fé de Cristo; escreve que aí não há perfeita alegria”.

E durando esse modo de falar bem duas milhas, Frei Leão, com grande admiração, lhe perguntou, dizendo: “Pai, eu te peço da parte de Deus que tu me digas onde há perfeita alegria”. E São Francisco lhe respondeu: “Quando nós estivermos em Santa Maria dos Anjos, tão molhados pela chuva, enregelados pelo frio, enlameados de barro, aflitos de fome, e batermos à porta do lugar, e o porteiro vier irado e disser: Quem sois vós? E nós dissermos: Nós somos dois dos vossos frades. E ele disser: Vós não dizeis a verdade, aliás sois dois marotos que andais enganando o mundo e roubando as esmolas dos pobres; ide embora; e não nos abrir, e fizer-nos ficar fora na neve e na água, com o frio e com a fome até de noite; então, se nós suportarmos tanta injúria e tanta crueldade, e tantas despedidas pacientemente, sem nos perturbarmos, e sem murmurar dele, e pensarmos humildemente que aquele porteiro nos conhece de verdade, que Deus o faz falar contra nós; ó Frei Leão, escreve que aqui há perfeita alegria. E se, apesar disso, continuássemos batendo, e ele saísse para fora perturbado, e nos expulsasse como velhacos importunos, com vilanias e bofetões, dizendo: Ide embora daqui, ladrõezinhos muito vis, ide ao hospital, porque aqui vós não comereis, nem vos abrigareis; se nós suportarmos isso pacientemente, com alegria e com bom amor; ó Frei Leão, escreve que aqui há alegria perfeita.



E se nós, mesmo constrangidos pela fome, pelo frio e pela noite, ainda batermos mais, chamarmos e pedirmos por amor de Deus com muito pranto que nos abra e nos ponha para dentro assim mesmo, e ele escandalizado disser: Estes são patifes importunos, eu os pagarei bem, como merecem; e sair para fora com um bastão cheio de nós, e nos agarrar pelo capuz e jogar por terra, e nos revirar na neve e nos bater nó por nó com aquele bastão: se nós suportarmos todas essas coisas pacientemente e com alegria, pensando nas penas de Cristo bendito, que temos que agüentar por seu amor; ó Frei Leão, escreve que aqui e nisto há perfeita alegria.

E, por isso, ouve a conclusão, Frei Leão. Acima de todas as graças e dons do Espírito Santo, que Cristo concede aos seus amigos, está a de vencer a si mesmo e de boa vontade, por amor de Cristo, suportar penas, injúrias, opróbrios e mal-estares; porque de todos os outros dons de Deus nós não podemos nos gloriar, pois não são nossos mas de Deus, como diz o Apóstolo: Que é que tu tens que não recebeste de Deus? E se recebeste dele, por que te glorias, como se o tivesses por ti? Mas na cruz da tribulação e da aflição nós podemos nos gloriar, pois diz o Apóstolo: Não quero me gloriar a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo”.

Para louvor de Jesus Cristo e do pobrezinho Francisco. Amém.

Os Fioretti (florzinhas) de São de Francisco são um conjunto de pequenos relatos sobre a vida do santo, Santa Clara e os primeiros frades. Transmitidos inicialmente de maneira oral, foram compilados muitos anos após. O Santo morreu em 1226, enquanto cópia mais antiga disponível hoje, localizada em Berlim, é datada de 1390. Sendo assim, é dificil assegurar a veracidade histórica dos acontecimentos narrados. De qualquer modo, refletem a vitalidade e entusiasmo radical de São Francisco e seus primeiros seguidores, retratando muito bem a espiritualidade da Idade Média. Na Itália, são imensamente populares, tendo profunda influência na memória popular e se refletindo em vários outros livros e filmes sobre o Santo.

Liturgia Diária do dia 03/09/15.


5ª-feira da 22ª Semana Tempo Comum.
S. Gregório Magno PpDr, memória
.
1ª Leitura - Cl 1,9-14.
Ele nos libertou do poder das trevas
e nos recebeu no reino de seu Filho amado.


Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses 1,9-14
Irmãos: 9Desde que recebemos essas notícias,
não deixamos de rezar insistentemente por vós,
para que chegueis a conhecer plenamente a vontade de Deus,
com toda a sabedoria e com o discernimento da luz do Espírito.
10Pois deveis levar uma vida digna do Senhor,
para lhe serdes agradáveis em tudo.
Deveis produzir frutos em toda boa obra
e crescer no conhecimento de Deus,
11animados de muita força, pelo poder de sua glória,
de muita paciência e constância.
12Com alegria dai graças ao Pai,
que vos tornou capazes de participar da luz,
que é a herança dos santos.
13Ele nos libertou do poder das trevas
e nos recebeu no reino de seu Filho amado,
14por quem temos a redenção, o perdão dos pecados.
Palavra do Senhor.

Salmo - Sl 97,2-3ab. 3cd-4. 5-6 (R. 2a).
R. O Senhor fez conhecer seu poder salvador, perante as nações.

2O Senhor fez conhecer a salvação,*
e às nações, sua justiça;
3arecordou o seu amor sempre fiel*
3bpela casa de Israel.R.
3cOs confins do universo contemplaram*
3da salvação do nosso Deus.
4Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,*
alegrai-vos e exultai!R.
5Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa*
e da cítara suave!
6Aclamai, com os clarins e as trombetas,*
ao Senhor, o nosso Rei!R.

Evangelho - Lc 5,1-11
Deixaram tudo e O seguiram.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 5,1-11
Naquele tempo: 1Jesus estava na margem do lago de Genesaré,e a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus. 2Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago.Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes.3Subindo numa das barcas, que era de Simão,pediu que se afastasse um pouco da margem.Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões.4Quando acabou de falar, disse a Simão:'Avança para águas mais profundas,e lançai vossas redes para a pesca'.5Simão respondeu:'Mestre, nós trabalhamos a noite inteirae nada pescamos.Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes'.6Assim fizeram,e apanharam tamanha quantidade de peixesque as redes se rompiam.7Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca,para que viessem ajudá-los.Eles vieram, e encheram as duas barcas,a ponto de quase afundarem. 8Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus,dizendo: 'Senhor, afasta-te de mim,porque sou um pecador!'9É que o espanto se apoderara de Simãoe de todos os seus companheiros,por causa da pesca que acabavam de fazer.10Tiago e João, filhos de Zebedeu,que eram sócios de Simão, também ficaram espantados.Jesus, porém, disse a Simão:'Não tenhas medo!De hoje em diante tu serás pescador de homens.'11Então levaram as barcas para a margem,deixaram tudo e seguiram a Jesus.Palavra da Salvação.



.





CONDUTA E MENTALIDADE MUNDANAS DE FRANCISCO



PRIMEIRO LIVRO
Para louvor e glória de Deus Todo-Poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.

CAPÍTULO 1


1.Vivia na cidade de Assis, na região do vale de Espoleto, um homem chamado Francisco . Desde os primeiros anos foi criado pelos pais no luxo desmedido e na vaidade do mundo. Imitou-lhes por muito tempo o triste procedimento e tornou-se ainda mais frívolo e vaidoso.
Por toda parte entre os que se diziam cristãos, difundiu-se esse péssimo costume, como se fosse lei, confirmada e preceituada por todos que procuram educar seus filhos desde o berço com muita moleza e dissolução. Apenas nascidas, antes de começarem a falar e a balbuciar, as crianças aprendem, por gestos e palavras, coisas vergonhosas e verdadeiramente abomináveis. Na idade de abandonarem o seio materno, são levadas não só a falar mas também a fazer coisas dissolutas e lascivas. São fracas demais, nesta idade, para ousarem comportar-se honestamente, pois isso as poderia expor a castigos severos. Bem disse o velho poeta: “Porque crescemos no meio das depravações de nossos pais, desde a infância acompanham-nos todos os males”.
Este testemunho é bem verdadeiro, pois quanto mais os desejos dos pais são prejudiciais às crianças, tanto mais elas se sentem felizes em lhes obedecer. E quando entram na adolescência, caem por si mesmas em práticas cada vez piores. Uma árvore de raízes más só pode ser má, e o que foi pervertido uma vez dificilmente poder ser endireitado. Quando chegam à adolescência, que poderão ser esses jovens? Então, no turbilhão de toda sorte de prazeres, sendo-lhes permitido fazer tudo o que lhes apraz, abandonam-se cegamente aos vícios. Assim, escravos voluntários do pecado, entregam seu corpo como instrumento do mal. Sem nada conservar da religiosidade cristã em sua vida e em seus costumes, defendem-se apenas com o nome de cristãos. Esses infelizes muitas vezes até fingem ter feito coisas piores do que de fato fizeram, para não passarem por mais vis na medida em que forem mais inocentes.


2. Nesses tristes princípios foi educado desde a infância o homem que hoje veneramos como santo, porque de fato é santo. Neles perdeu e consumiu miseravelmente o seu tempo quase até os vinte e cinco anos. Pior ainda: superou os jovens de sua idade nas frivolidades e se apresentava generosamente como um incitador para o mal e um rival em loucuras. Todos o admiravam e ele procurava sobrepujar aos outros no fausto da vanglória, nos jogos, nos passatempos, nas risadas e conversas fúteis, nas canções e nas roupas delicadas e flutuantes. Na verdade, era muito rico, mas não avarento, antes pródigo; não vido de dinheiro, mas gastador; negociante esperto, mas esbanjador insensato. Mas era também um homem que agia com humanidade, muito jeitoso e afável, embora para seu próprio mal. Principalmente por isso muitos o seguiam, gente que fazia o mal e incitava para o crime. Cercado por bandos de maus, adiantava-se altaneiro e magnânimo, caminhando pelas praças de Babilônia até que Deus o olhou do céu. Por causa de seu nome, afastou para longe dele o seu furor e pôs-lhe um freio à boca com o seu louvor, para que não perecesse de vez. Desde então esteve sobre ele a mão do Senhor e a destra do Altíssimo o transformou para que, por seu intermédio, fosse concedida aos pecadores a confiança na obtenção da graça e desse modo se tornasse um exemplo de conversão para Deus diante de todos.